Durante a gestação, o sistema respiratório do feto passa por um desenvolvimento extremamente complexo, começando com estruturas rudimentares que se vão modificando gradualmente, até se transformarem num órgão sofisticado que permita a vida fora do útero.

O desenvolvimento respiratório do feto ocorre por fases, acompanhando a etapa da gestação em que a mãe se encontra.

Divide-se em 5 fases principais:

Fase de Embriogénese Pulmonar (4ª a 7ª semana)

  • Durante as primeiras semanas da gestação, ocorre a embriogénese pulmonar. O broto pulmonar aparece como uma evaginação na parte ventral do intestino anterior do embrião.
  • No final da quarta semana, ocorre a divisão do broto pulmonar em dois primórdios, que eventualmente se desenvolvem nos pulmões direito e esquerdo.

Fase Pseudoglandular (8ª a 16ª semana)

  • Durante essa fase, as estruturas brônquicas continuam ramificar-se, ocorre o crescimento dos ductos nos segmentos broncopulmonares e formam-se os bronquíolos terminais.
  • O sistema vascular pulmonar começa a desenvolver-se, preparando-se para a futura função respiratória.

Fase Canalicular (17ª a 26ª semana)

  • Os bronquíolos terminais subdividem-se em canais respiratórios mais finos, conhecidos como ductos ou bronquíolos respiratórios e aumento da vascularização pulmonar.
  • Nessa fase, ocorre a formação dos sacos alveolares primitivos, que são os precursores dos alvéolos.

Fase Saco Terminal (27ª semana ao nascimento)

  • Os sacos alveolares continuam desenvolver-se e a multiplicar-se.
  • Começa a ser produzido Surfactante pulmonar pelos pneumócitos tipo II, uma substância crucial para reduzir a tensão superficial nos alvéolos.

Fase Alveolar (36ª semana ao início da infância)

  • Os sacos alveolares continuam dividir-se e a multiplicar-se.
  • O desenvolvimento alveolar continua após o nascimento até a infância, e a quantidade de alvéolos aumenta significativamente.

O surfactante pulmonar no desenvolvimento pulmonar

Aproximadamente aos seis meses do desenvolvimento pré-natal, as células alveolares tipo II começam a produzir uma macromolécula glicolipoproteica chamada surfactante, que reveste a superfície interna dos alvéolos pulmonares e faz parte de seu glicocálix.

A funç̧ão principal do surfactante é diminuir a tensão superficial da interfase ar-alvéolo, de modo a mantê-los distendidos e evitar seu colapso ou atelectasia.

A falta de surfactante é a causa principal de uma doença grave do recém-nascido (doença respiratória do recém-nascido ou doença das membranas hialinas), que produz insuficiência respiratória, especialmente em recém-nascidos prematuros, devido ao deficiente desenvolvimento destes materiais da superfície alveolar

Os recém-nascidos prematuros, com menos de sete meses, não sobrevivem sem a administração exógena de surfactante.

Ao nascerem, como não possuem quantidades suficientes dessa lipoproteína, apresentam dificuldade em respirar, exibindo um quadro definido como síndrome da angústia respiratória.

O esforço na expansão dos alvéolos pode lesioná-los, produzindo a doença da membrana hialina.

A primeira respiração do recém-nascido

Durante a gestação, o feto recebe oxigénio e nutrientes através da placenta, e o pulmão fetal está cheio de líquido amniótico.

No entanto, o líquido amniótico começa a ser absorvido pelos pulmões conforme a gestação avança, preparando o ambiente pulmonar para a respiração após o nascimento.

Os movimentos respiratórios ocorrem mesmo antes do nascimento e fazem com que o feto aspire líquido amniótico que, junto com outros líquidos derivados da traqueia e dos próprios pulmões, enchem os pulmões do feto de liquido até metade de seu volume.

O líquido que se encontra dentro dos pulmões do recém nascido é eliminado durante o nascimento e o que resta é eliminado em três fases:

  1. Expulsão por pressão sobre o tórax durante o parto
  2. Reabsorção pelos capilares sanguíneos e pulmonares
  3. Reabsorção pelos vasos linfáticos pulmonares.

O desenvolvimento pulmonar fetal é um processo crucial para a sobrevivência e a adaptação à vida extrauterina.

Problemas durante essas fases podem levar a doenças respiratórias neonatais, como a Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR), ou a Síndrome da Morte Súbita (SMS) especialmente em bebés prematuros que podem não ter desenvolvido completamente as estruturas necessárias para uma respiração autónoma e independente

Relativamente ao narizinho do feto, no ínicio da gestação, temos apenas pequenas aberturas nasais, mas à medida que a gestação avança, essas aberturas se expandem, preparando-se para o primeiro sopro de ar que o bebé dará ao nascer.

A delicadeza dessas estruturas ressalta a necessidade de um cuidado especializado nos primeiros momentos e dias após o parto, tornando a lavagem nasal uma forte aliada na manutenção da funcionalidade respiratória e bem-estar do recém-nascido.

Funções do Nariz no recém nascido

O nariz do recém-nascido desempenha funções cruciais, indo além da simples respiração.

Além de ser o ponto de entrada para o ar, ele atua na regulação da temperatura do corpo e desempenha um papel fundamental no sentido do olfato.

Com uma estrutura tão delicada, qualquer obstáculo, como a congestão nasal, pode influenciar significativamente o bem-estar respiratório do bebé.

Lavagem nasal no recém-nascido

A lavagem nasal, muitas vezes subestimada, revela-se como uma prática de cuidados fundamental, pois remove impurezas e excesso de muco, garantindo a manutenção da passagem de ar, permitindo que o recém-nascido respire livremente.

Esta prática simples, quando realizada adequada e corretamente, contribui para que o recém-nascido tenha um começo de vida saudável e tranquilo.

Dada a delicadeza do nariz do recém-nascido, é crucial realizar a lavagem nasal de forma suave e dispositivos apropriados (como a utilização de seringa e adaptador nasal).

A escolha de uma técnica de lavagem nasal segura e a compreensão das necessidades específicas do recém-nascido garantem que a lavagem nasal seja uma experiência positiva, podendo, inclusive, fortalecer o vínculo entre pais e filho.

A lavagem nasal é mais do que uma simples prática de cuidado. É um gesto de amor e atenção, assegurando que o primeiro suspiro do bebé é livre de obstáculos.

Ao integrar a lavagem nasal nos cuidados diários, os pais podem contribuir para o bem-estar respiratório do seu filho e, consequentemente, manutenção da sua saúde respiratória.

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