A bronquiolite é uma infeção respiratória, bastante comum em bebés e crianças pequenas, causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), que afeta os bronquíolos, que são os tubos respiratórios menores nos pulmões.

O VSR é transmitido por gotículas respiratórias e contato direto com secreções respiratórias de pessoas infetadas.

Ocorre com mais frequência durante os meses de inverno e é uma das principais causas de internamento hospitalar em bebés com menos de 12 meses.

Como é que o VSR infeta os pulmões do bebé?

Após a infeção viral, as células epiteliais dos bronquíolos reconhecem os antigénios virais por meio de recetores específicos, desencadeando a produção de citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias.

Essas substâncias recrutam células do sistema imunológico, como neutrófilos, macrófagos e linfócitos, para o local da infeção, onde participam da resposta inflamatória.

A inflamação resultante causa edema das vias aéreas, aumento da produção de muco e obstrução dos bronquíolos, levando aos sintomas clínicos característicos da bronquiolite, como tosse, dificuldade respiratória e pieira.

Ou seja, sistema imunitário desempenha um papel crucial na modulação da resposta inflamatória nos bronquíolos durante a bronquiolite. Em bebés e crianças pequenas, cujo sistema imunitário ainda se encontra em desenvolvimento, a resposta pode ser inadequada ou excessiva, contribuindo para a gravidade dos sintomas.

O diagnóstico de bronquiolite é geralmente baseado na história clínica e nos sinais e sintomas típicos da doença, história médica, exame físico e avaliação da gravidade da doença.

Como ocorre a evolução da doença no bebé

A progressão da bronquiolite no bebé envolve várias etapas, começando com a exposição ao vírus respiratório e progredindo para sintomas leves a moderados, podendo evoluir para complicações respiratórias graves.

Exposição ao vírus respiratório

A bronquiolite geralmente começa com a exposição a um vírus respiratório, mais comumente o vírus sincicial respiratório (VSR), embora outros vírus, como rinovírus, adenovírus e metapneumovírus, também possam causar a doença.

A transmissão ocorre através do contato direto com secreções respiratórias de uma pessoa infetada ou através de partículas virais suspensas no ar.

Período de Incubação

Após a exposição ao vírus, ocorre um período de incubação durante o qual o vírus se replica nas células do trato respiratório, mas ainda não há manifestação de sintomas.

O período de incubação geralmente dura de 2 a 8 dias.

Estádio Inicial – Sintomas Leves

Os primeiros sintomas da bronquiolite costumam ser semelhantes aos de uma constipação comum, incluindo corrimento nasal, tosse leve, febre baixa e irritabilidade.

À medida que a infeção progride, os sintomas respiratórios podem agravar-se, com tosse mais profunda e respiração mais rápida e superficial.

Estádio Intermediário – Sintomas Moderados

A tosse torna-se mais persistente e produtiva, com pieira audível durante a respiração.

O bebé pode apresentar sinais de desconforto respiratório, como dificuldade para respirar, retração dos músculos respiratórios e utilização dos músculos acessórios da respiração para respirar.

O bebé pode apresentar sinais de cansaço, devido ao esforço respiratório aumentado.

Estádio avançado – Complicações Respiratórias Graves

Em casos mais graves de bronquiolite, os sintomas respiratórios podem piorar significativamente, com agravamento da dificuldade respiratória, aumento da frequência respiratória e diminuição dos níveis de oxigénio no sangue.

O bebé pode desenvolver sinais de insuficiência respiratória, como cianose (coloração azulada da pele e membranas mucosas devido à falta de oxigénio), sonolência excessiva e diminuição da resposta a estímulos externos.

Podem ocorrer complicações graves como a ocorrência de pneumonia, atelectasia (colapso parcial ou completo de um lóbulo ou parte de um pulmão) e pneumotórax (acumulação de ar entre os pulmões e a parede do tórax).

Nem todos os bebés progridem para o estádio mais avançado da bronquiolite e a gravidade dos sintomas pode variar amplamente de uma criança para outra.


No entanto, em bebés prematuros ou com problemas de saúde subjacentes, a bronquiolite pode ser mais grave e requerer cuidados médicos intensivos.

Sintomas mais comuns da bronquiolite

Os sintomas da bronquiolite costumam incluir:

  • Corrimento e congestão nasal
  • Tosse leve a profunda
  • Respiração rápida e superficial
  • Pieira no peito.
  • Dificuldade em respirar
  • Febre (nem sempre presente)

O papel da lavagem nasal na prevenção de bronquiolites no bebé

A lavagem nasal regular pode ajudar a prevenir infeções respiratórias, incluindo bronquiolites em bebés e crianças pequenas.

A lavagem nasal remove muco, alergénios, bactérias e vírus do nariz e dos seios paranasais, o que pode reduzir o risco de infeções respiratórias, incluindo bronquiolite.

A higiene nasal torna-se especialmente importante em bebés e crianças pequenas, cujo sistema imunitário ainda se encontra em desenvolvimento e são mais suscetíveis a essas infeções.

A lavagem nasal é uma técnica simples e eficaz, que envolve a irrigação das fossas nasais com uma solução salina, normalmente Soro Fisiológico, com o objetivo de limpar o nariz, remover o excesso de muco, aliviar a congestão nasal e ajudar a prevenir infeções respiratórias.

A higienização do nariz do bebé com Soro Fisiológico, irá garantir que a mucosa nasal se mantém limpa e hidratada, ajuda a fluidificar o muco nasal e, consequentemente, a facilitar a sua expulsão.

A lavagem nasal irá deixar o bebé mais confortável, através do alívio da congestão/obstrução nasal, redução da inflamação e edema da mucosa e tecidos nasais e eliminação das secreções acumuladas.
Deste modo, ajuda a prevenir infeções respiratórias, como a bronquiolite, através da eliminação e expulsão destes agentes pelas fossas nasais.

Além disso, se a infeção já se encontrar presente, a lavagem nasal irá ajudar na gestão e melhoria dos sintomas associados e prevenir que a doença se desenvolva para um estadio mais grave.

É fundamental que a lavagem seja realizada com regularidade e adaptada à quantidade de secreções que o bebé está a produzir.

Ou seja, se o bebé apresentar muito ranhinho ou tosse produtiva, a lavagem nasal deve ser realizada mais vezes. Se o bebé tiver apenas o nariz um pouco obstruído, a lavagem nasal pode ser feita menos vezes (ao acordar e antes de ir dormir, por exemplo).

Apenas deve utilizar Soro Fisiológico estéril morno, e dispositivos de lavagem nasal adequados à idade do bebé, como a utilização de seringa e adaptador nasal para seringa.

Eficácia comprovada da lavagem nasal

A eficácia da lavagem nasal na prevenção de infeções respiratórias, incluindo bronquiolite, tem sido objeto de estudo em diversos contextos científicos.

Vários estudos clínicos têm investigado a eficácia da lavagem nasal na prevenção de infeções respiratórias.

Um estudo publicado na revista Pediatrics em 2009 examinou o efeito da lavagem nasal em crianças em idade pré-escolar e concluiu que as crianças que efetuaram a lavagem nasal diariamente, apresentaram uma redução significativa na ocorrência de infeções respiratórias agudas, em comparação com o grupo controle (que não realizou a lavagem nasal).

Uma revisão sistemática de estudos publicada na revista Cochrane Database of Systematic Reviews em 2017 avaliou a eficácia da lavagem nasal na prevenção de infeções respiratórias em crianças e adultos saudáveis. Os resultados sugeriram que a lavagem nasal pode reduzir o risco de infeções do trato respiratório superior em crianças, mas a evidência para adultos foi menos conclusiva.

As organizações de saúde, como a Academia Americana de Pediatria, recomendam o uso de lavagem nasal como parte das estratégias de prevenção de infeções respiratórias em crianças, especialmente durante a época de gripes e constipações.


Ou seja, a lavagem nasal pode ser particularmente benéfica e uma medida preventiva importante para reduzir o risco de complicações respiratórias, em determinadas faixas etárias, que se encontrem mais suscetíveis infeções respiratórias (como a bronquiolite) como bebés e crianças pequenas, bebés prematuros ou com condições médicas subjacentes.

A lavagem nasal promove o alívio da congestão nasal, reduz a obstrução das vias aéreas superiores e facilita a remoção de muco, o que pode melhorar a respiração e reduzir os sintomas respiratórios

Outras medidas que podem ser implementadas na prevenção da bronquiolite

Apesar de a lavagem nasal desempenhar um papel importante e fundamental na prevenção de infeções respiratórias como a bronquiolite, é importante ressaltar que a lavagem nasal por si só pode não ser suficiente para prevenir completamente a bronquiolite, pois existem vários fatores que contribuem para o desenvolvimento dessa doença, incluindo exposição ao vírus e sistema imunitário da criança.

É essencial tomar outras medidas preventivas, como:

  • Higiene ambiental adequada
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes
  • Lavagem frequente das mãos
  • Vacinação contra o vírus sincicial respiratório (VSR)
  • A amamentação exclusiva até os seis meses de idade

A lavagem nasal é um procedimento simples, económico, eficaz e seguro, para o bebé e criança e que pode ser realizada em casa pelos pais diariamente.


A higiene nasal, quando realizada de forma correta e com material adequado (seringa, adaptador nasal para seringa e Soro fisiológico estéril) promove o alívio da congestão nasal, reduz a inflamação da mucosa nasal e ajuda na prevenção de infeções respiratórias, contribuindo assim para melhorar a saúde respiratória do bebé e criança.

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